Mais uma vez, o aborto


"...Portanto, serás novamente minha para a satisfação do ódio. Vingar-me-ei! Seguirás comigo!
Os raios mentais destruidores cruzavam-se, em horrendo quadro, de Espírito a Espírito.
Enquanto observava a intensificação das toxinas, ao longo de toda a trama celular, Calderaro orava, em silêncio, invocando o auxílio exterior, ao que me pareceu. Efetivamente, daí a instantes, pequena turma de trabalhadores espirituais penetrou o recinto. O orientador ministrou instruções. Deveriam ajudar a desventurada mãe, que permaneceria junto da filha infeliz, até a consumação da experiência...
...Consumou-se para ambos doloroso processo de obsessão recíproca, de amargas conseqüências no espaço e no tempo, e cuja extensão nenhum de nós pode prever."  (No Mundo Maior - André Luiz. Editora FEB.) 
No primeiro texto, disse que não intentava abordar as minúcias complexas deste problema. São elas os casos de estupro, de desordem psíquica materna, dos extremos de necessidades de ordem material e psicológica nas populações miseráveis do orbe, bem como das gestações com risco de vida para mãe e filho. Penso que em tudo na vida há que se levar em conta a relatividade de cada contexto, porque certamente, aí, haverá a incidência numerosa dos episódios de indução alheia, de vitimização involuntária nos casos de violência e de condições socioculturais extremas.
As leis vigentes na evolução, todavia, obedecendo à totalidade do histórico evolutivo individual, regem cada caso particular com perfeição e equilíbrio, levando em consideração cada minúcia e particularidade do contexto humano. De forma que tais ocorrências acontecidas em contexto excepcional justificamnão o crime – mas atenuam, em decorrência das condições diversificadas em que ocorrem, as conseqüências para este ou aquele indivíduo que se viu compelido a praticá-lo, porque em tudo pesa como fator diferenciador a intenção!
Trata-se, contudo, de conjunturas havidas em situações inteiramente diversas do sem-número de casos em que, de plena posse de lucidez e de escolha, mães e pais optam por tal saída para livrar-se extemporaneamente da grave responsabilidade que lhes coube previamente ao reencarne, em acordo com almas em situação de necessidade premente de ingresso na vida física, compulsoriamente ou não, de compromisso seriíssimo acordado entre os participantes do drama, portanto, e que, em se negligenciando-o e acovardando-se a cumpri-lo devidamente – em detrimento, no processo, da missão conjunta de elevadíssima importância alinhavada em comum com numerosos participantes que auxiliam na sua preparação em prol da evolução conjunta de determinado grupo –, agrava-se e complica-se, por tempo indeterminado, a carência de seus participantes de se levar a bom termo suas dívidas reencarnatórias e projetos de avanço mútuo.
São tais questões delicadas e lastimáveis que respondem a um sem-número de casos pungentes em vidas posteriores, quando mães e pais são mobilizados durante todo o período de uma vida em busca de métodos que lhes sanem as estranhas anomalias inibidoras da fertilidade, não logrando, nada obstante, o sucesso intentado com ansiedade muitas vezes doentia de se trazer filhos ao mundo.
Casos outros de filhos nutrindo ódio e aversão espontâneos ao regaço materno, com ocorrências trágicas de crimes de morte perpetrados contra o próprio sangue genitor, e outros tantos de dissensão, dramas e fatais desacertos familiares que pontificam o ainda difícil e tormentoso estágio material terreno para tantas almas em percurso evolutivo na carne.
O crime contra a vida haverá de ser sempre crime! E sem nenhuma dúvida, com conseqüências tenebrosas para quem se deixa arrastar para as sombras compactas do desgoverno espiritual ao praticá-lo – e, de resto, contra os seres indefesos que ganham a nossa convivência na intimidade sagrada de uma gestação para o curto estágio material, indiscutivelmente com vistas ao exercício de harmonização comum e eliminação de diferenças, ou a estreitar laços importantes para o prosseguimento de nossas jornadas rumo a outros setores da vida onde não mais sejamos atormentados pelos monstros advindos dos pesadelos forjados por nós mesmos no caminho da Vida projetada pelo Pai, não para um sofrimento eterno, mas para a nossa felicidade.
E felicidade é Vida! Não morte!
Bem-aventurados os mansos e pacificadores, porque a eles pertence o Reino dos Céus (Jesus Cristo).
 

Revista espírita O consolador