A CANDEIA


A candeia luminosa, acima do velador, não é somente um problema de verbalismo doutrinário.
Claro que as nossas convicções públicas revelam pensamento aberto e coração arejado, na sincera demonstração de nossas concepções mais intimas. O ensinamento do Cristo, porém, lançou raízes mais profundas no solo do nosso entendimento.
A lâmpada acesa da lição divina é, antes de tudo, o símbolo de nossa atitude positiva, nos variados ângulos da existência.
O discípulo do Evangelho é convidado a afirmar-se, no mundo, a cada instante.
Se foste ofendido, não conserves a luz do perdão nas dobras obscuras dos melindres enfermiços.
Se encontraste a dificuldade, não escondas a coragem nos resvaladouros da fuga.
Se foste surpreendido pela provação, não enterres o talento da fé no deserto do desânimo.

Se foste tocado pela dor, não arremesses a esperança ao despenhadeiro da indiferença.
Se sofres perseguição e calúnia, não arrojes a oração no precipício do desespero.
Se a luta te impôs a marcha entre espinheiros, oferecendo-te fel e vinagre, não ocultes o teu valor espiritual, sob os detritos da inconformação ou do desalento.
Faze a tua viagem na Terra, em companhia do Amigo Celestial, de coração elevado à Vontade Divina, de cabeça erguida na fidelidade à religião do dever bem cumprido, de consciência edificada no bem invariável e de braços ativos e diligentes na plantação das boas obras.
Não disfarces os teus conhecimentos de ordem superior e aprende a usá-los, em benefício dos semelhantes e em favor de ti mesmo, porque assim, ainda mesmo que o sacrifício supremo na cruz se te faça prêmio entre os homens, adquirirás na Vida Maior a felicidade de haver buscado a luz da própria sublimação.


EMMANUEL
NASCER E RENASCER, 9
FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER