Sócrates e Platão - precursores da Doutrina Cristã e do Espiritismo

O Evangelho Segundo o Espiritismo nos diz:

(...)Da suposição de que Jesus devia conhecer a seita dos essênios, seria errado concluir que ele bebeu nessa seita a sua doutrina, e que, se tivesse vivido em outro meio professaria outros princípios. As grandes idéias não aparecem nunca de súbito. As que têm a verdade por base contam sempre com precursores, que lhes preparam parcialmente o caminho. Depois, quando o tempo é chegado, Deus envia um homem com a missão de resumir, coordenar e completar os elementos esparsos, com eles formando um corpo de doutrina. Dessa maneira, não tendo surgido bruscamente, a doutrina encontra, ao aparecer, espíritos inteiramente preparados para aceitá-la. Assim aconteceram com as idéias cristãs, que foram pressentidas muitos séculos antes de Jesus e dos essênios, e das quais foram Sócrates e Platão os principais precursores.(...)
Se levarmos pelo lado pessoal, diríamos que é inconcebível Jesus ter se ‘educado’ onde quer que seja, posto que já trouxesse em si os elementos necessários para a sua jornada terrena. Sabemos quem é o Mestre Jesus e sua responsabilidade perante o orbe terreno. Sabemos que o Mestre não é a reencarnação de ninguém e isso nos basta também para percebermos que alguém tão especial não poderia levar avante doutrinas ou conhecimentos criados e deturpados pelos homens.
Porém, nada aparece da noite para o dia e, de uma forma ou de outra, temos criaturas que abrem os caminhos para que os demais possam caminhar pelas mesmas estradas ou dar continuidade aos caminhos por estes irmãos traçados. Este exemplo se faz nítido perante as histórias dos bandeirantes que conhecemos aqui no Brasil, se faz clara diante daquelas que anunciaram que o Mestre dos mestres se faria entre nós (ou seja, já tinham noção daquilo que ele deveria trazer e de que viria) e tantos outros exemplos em que alguém iniciou uma jornada ou um percurso para que outros pudessem dar continuidade. Vejamos mais sobre Sócrates:
(...) Sócrates, como o Cristo, nada escreveu, ou pelo menos nada deixou escrito. Como ele, morreu a morte dos criminosos, vítima do fanatismo, por haver atacado as crenças tradicionais e colocado à verdadeira virtude acima da hipocrisia e da ilusão dos formalismos, ou seja: por haver combatido os preconceitos religiosos. Assim como Jesus foi acusado pelos fariseus de corromper o povo com os seus ensinos, ele também foi acusado pelos fariseus do seu tempo— pois os que os tem havido em todas as épocas, — de corromper a juventude, ao proclamar o dogma da unicidade de Deus, da imortalidade da alma e da existência da vida futura. Da mesma maneira porque hoje não conhecemos a doutrina de Jesus senão pelos escritos dos seus discípulos, também não conhecemos a de Sócrates, senão pelos escritos do seu discípulo Platão. Consideramos útil resumir aqui os seus pontos principais, para demonstrar sua concordância com os princípios do Cristianismo.(...)
Isto que Kardec nos informa é assaz interessante. Sócrates pôde de diversas formas deixar de tomar o veneno como sentença injusta que era, mas em cada uma destas oportunidades que recusou, colocou em prática aquilo que pregava e pensava. É um grande exemplo de como não deve agir um sofista.
As idéias cristãs, como ficaram conhecidas, já estavam entre nós, mas por outros prismas. Vejam as referências feitas ao caráter e moralidade de Sócrates, o precursor em questão e percebam a semelhança entre o preconizado pelo Mestre Jesus. Lembro-lhes que teremos isso em maior destaque na próxima parte dos estudos, denominada Resumo da Doutrina de Sócrates e Platão:
(...) Sócrates sempre dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância (Só sei que nada sei.). Ele acreditava que os atos errados eram conseqüências da própria ignorância. Nunca proclamou ser sábio.(...) Temos aqui a humildade e o reconhecer da própria insignificância, ou seja, uma humildade realmente sentida e vivida e não aquela alardeada como ideal.
(...) Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população. Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou sua sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.(...) Sócrates era erroneamente considerado como pagão e isso faz com que Kardec teça os seguintes comentários:
(...) Aos que encarassem este paralelo como uma profanação, pretendendo não ser possível haver semelhanças entre a doutrina de um pagão e a do Cristo, responderemos que a doutrina de Sócrates não era pagã, pois tinha por finalidade combater o paganismo, e que a doutrina de Jesus, mais completa e mais depurada que a de Sócrates, nada tem a perder na comparação. A grandeza da missão divina do Cristo não poderá ser diminuída. Além disso, trata-se de fatos históricos, que não podem ser escondidos. O homem atingiu um ponto em que a luz sai por si mesma debaixo do alqueire e o encontra maduro para enfrentá-la. Tanto pior para os que temem abrir os olhos. É chegado o tempo de encarar as coisas do alto e com amplitude, e não mais do ponto de vista mesquinho e estreito dos interesses de seitas e de castas. Estas citações provarão, além disso, que, se Sócrates e Platão pressentiram as idéias cristãs, encontram-se igualmente na sua doutrina os princípios fundamentais do Espiritismo. (...)
Percebam um detalhe interessante: não se fala de Platão sem se referir a Sócrates ou vice-versa. Ambos andavam juntos, mas era como se Sócrates estivesse à frente de Platão. Este, por sua vez, é responsável por todos os escritos diretamente relativos a Sócrates já que ele mesmo nada escreveu ou postergou para a humanidade. Platão lhe foi fiel na reprodução das idéias e pensamentos e, muito mais do que um orador ou ditador de frases, Sócrates possuía de maneira profunda e vivificada tudo aquilo que dizia. Acreditava no que professava e praticava aquilo em que cria.
Outro ponto que Kardec enfatiza é que os fatos são verídicos e compõe a história da humanidade e, por assim sê-lo, necessitam de nossa observação com amplitude se não quisermos nos deter em preconceitos, dogmas e idéias pré-concebidas e tendenciosas para esta ou aquela seita.
Este é o momento e percebam, mais uma vez: este é o momento que já foi alardeado a mais de século atrás e, no entanto, quantos de nós ainda não despertamos para este momento? Quantas vezes talvez já tenhamos lido diversas passagens deste mesmo evangelho e elas não calaram em nós como deveriam calar e, como que num passe de mágica, eis que lemos algo que já ‘sabemos’ de cor e salteado e eis que esse saber transforma-se em pleno viver ou eficaz vivenciar!
Por isso, meninos e meninas, percebam sempre que não é o fato de termos efetuado a leitura de um mesmo livro 5 ou 6 vezes, de maneira pausada ou de maneira diretiva, que nos abrirá a porta do reconhecimento de seu profundo conteúdo, mas a disposição de nosso espírito ou de nossa alma.


Grupo de estudos SOB A ÓTICA ESPÍRITA.