Síndrome do exagero

Sem meditar profundamente sobre a finalidade da existência durante a peregrinação terrena na vida física, a que
é compelido para inadiáveis resgates, reparações e conquistas de
conhecimento, o homem busca
todos os recursos que lhe possam
anestesiar a consciência e amodorrar a razão, esquecido de que o
porvir inexoravelmente lhe pedirá
contas da oportunidade oferecida,
quiçá estabelecendo roteiros mais
espinhosos e difíceis em futura romagem redentora, do que aqueles
que se tenha recusado percorrer.
Demonstrando absoluta infância
espiritual, a grande maioria se entrega de modo desenfreado ao lazer,
que passa a ocupar exagerado percentual em suas ocupações e preocupações em detrimento das necessidades estabelecidas pelo programa encarnatório sob a supervisão
de mentores espirituais. Apesar das
promessas feitas antes do mergulho
na carne, prevalecem os interesses
imediatos das atrações oferecidas
pela vida mundana, estabelecendo-
-se uma absurda inversão de valores. Cultuam-se exageradamente as
expressões da vaidade, do materialismo, das emoções banais, numa
total despreocupação com os valores do espírito! Todavia, a finalidade
da existência na Terra é o progresso
do Espírito! Se não fosse, por que a
vida física terminaria no túmulo?
Não será difícil compreender
que o lazer ocupe lugar importante no equilíbrio individual e social
da vida humana. Os esportes, os
folguedos, as diversões, quando
não sirvam de apoio ao despudor,
à desonestidade, à viciação e ao
crime, serão atividades úteis para arrefecerem as agruras decorrentes das obrigações inevitáveis
que a vida impõe. O prejuízo que
provocam está na exagerada importância que lhes é atribuída. Enaltecendo fatos e acontecimentos que
não têm qualquer valor real, postergam-se para segundo plano atividades que são de absoluta prioridade para atender às necessidades de progresso das criaturas.
Que aproveitamento apresentaria um aluno que ocupasse todo o
tempo escolar apenas em brincadeiras, sem dar qualquer atenção às matérias do currículo escolar? Obviamente, ao final do ano letivo, seria reprovado! Nosso ano letivo é o período de existência na matéria. Se não
o aproveitamos, otimizando o tempo, obrigamo-nos à repetência.
Segundo informam médiuns de
idoneidade e capacidade inquestionáveis, contam-se aos milhões
aqueles que se desesperam no limiar da vida espiritual, quando
percebem, ao desencarnar, o ínfimo progresso realizado, comparado ao avantajado tempo perdido
com os atrativos mundanos que,
por exagerados, os desviaram da
verdadeira finalidade para a qual
foram trazidos às lides terrenas.
Nessas atividades divertidas, empregam-se fortunas incalculáveis,
que poderiam diminuir ou mesmo
erradicar sofrimentos originados
de deficiências sociais seculares, como a fome, o analfabetismo e as enfermidades, se fossem aplicadas em
benefício dos menos favorecidos.
O fanatismo com que são cultuadas as atividades de lazer demonstra imaturidade psicológica
ante os verdadeiros valores da vida
material e irresponsabilidade em
face das necessidades do Espírito.
Façamos jus ao sacrifício do Divino Mestre, imolado para nos trazer as mensagens libertadoras do
seu Evangelho. Combatamos sem
tréguas as chagas da alma. É hora
de sacudirmos o ócio, a negligência,
a indiferença, e sem tardança nos
empenharmos na busca dos verdadeiros valores morais e intelectuais
do Espírito, únicos que nos conduzirão, no futuro, à bem-aventuran-
ça que nos destina o Criador.

Reformador - Janeiro 2009