Evolução





São imutáveis as leis divinas, criadas por Deus para toda a eternidade.Todos os seres criados, inclusive o Espírito imortal, obedecem à vontade do Criador expressa em suas leis.Somente com o Consolador,
prometido e enviado pelo Cristo de Deus, puderam ser entendidas,em suas reais significações, diversas prescrições das Escrituras Sagradas.Como esclareceu o Espírito de Ve r d a d e (O Evangelho segundo o
Espiritismo – “Prefácio”), com a Terceira Revelação “são chegados os tempos em que todas as coisas
hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, para dissipar as trevas, confundir os orgulhosos
e glorificar os justos”. Hoje podemos perceber, com segurança, que o amor e a misericórdia do Criador sempre estiveram presentes em nosso mundo, como em todo o Universo. O Cristo foi o Espírito designado pelo Pai para assistir e acompanhar a evolução das entidades que vieram habitar neste Planeta
e aqui realizarem seu progresso. Ele é o Verbo do princípio e “estava no princípio com Deus”, como
está expresso no capítulo I, versículo 2, do Evangelho de João. A assistência permanente do Cristo e de seus prepostos, sempre atuantes, presentes no passado e na atualidade, estender-se-á pelo futuro, atendendo às
condições evolutivas deste orbe e de seus habitantes. Os Enviados do Governador da Terra em todas as épocas procuraram impulsionar o progresso intelectual e moral dos povos, nações e raças. A História das civilizações registra a presença de muitos deles, na China e  na Índia milenares, na Pérsia e no Egito antigos, na Grécia e no Império Romano. Mas podemos deduzir facilmente que a assistência benfazeja
do Alto se faz presente nos tempos modernos e nos períodos da pré-história, atendendo às necessidades do homem de todas as épocas. Essa assistência permanente é decorrente do Amor de Deus por toda sua criação e é dirigida em nosso mundo pelo Mestre Divino – Jesus. A Doutrina Espírita esclarece
que a Assistência Superior não substitui o esforço individual da criatura para sua ascensão, mas o
auxilia sempre, seja no campo da inteligência e dos conhecimentos, seja no referente aos sentimentos.
O Espírito, encarnado ou em estado livre da matéria, desenvolve-se por si mesmo, na medida dos esforços que emprega para seu próprio aperfeiçoamento intelectual e moral. Dotado de livre-arbítrio, essa faculdade com que foi criado, nem sempre o Espírito escolhe o caminho do progresso, do bem, no sentido da elicidade. 
As leis divinas atuam sempre na busca das retificações necessárias. Compreendemos, assim, que
um mundo de “expiações e provas”, como o nosso, destina-se, antes, a  retificar erros e desvios
praticados e repetidos, no passado de cada ser, em prejuízo do adiantamento intelectual e moral que possa conquistar. Ocorre comumente que a rebeldia do Espírito é de tal ordem, contra a Lei Divina ou
Natural, que as retificações se estendem por vidas sucessivas e por longo tempo. Mas os ensinos da Espiritualidade Superior mostraram que não há condenação eterna, suprimindo a idéia antiga do inferno adotada por diversas religiões, inclusive pelas igrejas cristãs e pela mitologia. Por mais rebelde seja o Espírito, comprazendo-se no mal, encarnado ou desencarnado, o Criador jamais o deserdará e o condenará
sem remissão. Sempre haverá uma possibilidade de arrependimento, de refazimento, de início de uma
nova fase de vida, sem prejuízo das retificações dolorosas, mas necessárias e justas. Esse entendimento veio com a Nova Revelação e corrige muitas interpretações de textos das Escrituras Sagradas de diversas religiões. Aplica-se tanto às individualidades quanto aos grupos, povos e raças. A lei das reencarnações,
as múltiplas existências em mundos de resgates e de provas e sofrimentos, mostram os desígnios superiores do progresso para todos e a necessidade das correções dos desvios anteriores. É a eterna Justiça funcionando em correlação com as demais leis divinas. A evolução anímica ocorre com todos os Espíritos, mas não do mesmo modo, nem simultaneamente, como está expressa na questão 779 de O Livro dos Espí-
ritos. A marcha ascendente não se efetua em todos os sentidos, ao mesmo tempo. O homem pode dedicar-se mais à busca de conhecimentos em uma existência, e em outra dedicar-se ao aperfeiçoamento moral.
De forma geral, as aquisições de ordem moral são mais difíceis que as de ordem intelectual. Por isso, reconhecendo essa dificuldade, o Cristo dedicou-se mais em transmitir ensinamentos morais aos homens, porque sabia que os conhecimentos em geral, até mesmo os de natureza científica, poderiam ser alcançados por eles mesmos, como efetivamente tem ocorrido. Há um outro fator, de grande importância, influindo poderosamente no progresso de toda a população terrena. É a solidariedade dos mais adiantados para com os da retaguarda. As escolas de todos os níveis oferecem um exemplo de solidariedade que se incorporou à organização social em todo o mundo. São os professores e mestres transmitindo ensinamentos aos alunos e aprendizes, elevando assim os conhecimentos e padrões individuais, o que se reflete em toda a comunidade mundial. Quando à instrução intelectual se junta o ensino moral ajustado às leis divinas, a solidariedade revela-se como uma das formas de amor ao próximo, o grande mandamento aceito pelas religiões do
mundo. As Revelações trazidas pelos emissários do Cristo e por Ele, em pessoa, à Humanidade, são
outras formas de solidariedade–amor manifestadas pelo Superior aos que se encontram na retaguarda.
Tem sido difícil para os homens compreenderem o porquê da presença de tantos emissários do Alto
nas mais diferentes fases evolutivas da Humanidade. Somente a Revelação Espírita lançou luz sobre o assunto. Compreendemos,então, que a bondade, o amor e a misericórdia do Criador jamais
faltaram às suas criaturas. No caso específico da Terra, o Cristo, uno com o Pai, no sentido de executor de suas leis e de sua vontade, acompanha a evolução deste planeta e de suas Humanidades, auxiliando seu progresso através de assistência permanente, sem prejuízo do livre-arbítrio de seus habitantes.
A presença de seus Emissários em todas as épocas da História humana obedece ao princípio da
solidariedade, do amor, sem perda da responsabilidade de seus tutelados. Sua vinda, há 2.000 anos, obedeceu a um planejamento superior, visando ratificar o que estava de acordo com as leis divinas, retificar
o que fora mal-entendido e exemplificar a vivência em um mundo atrasado, de expiações e provas.
Por isso, além de Governador espiritual deste planeta, Ele é o modelo a ser seguido por seus habitantes. É o “Caminho, a Verdade e a Vida”, conforme deixou claro em seus ensinos. A presença do Cristo entre os
homens é o marco especial de uma Era Nova. Ele mesmo prometeu que rogaria ao Pai o envio de outro Consolador que ficaria eternamente no mundo. “(...) o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar t udo o que vos tenho dito.” (O
Evangelho segundo o Espiritismo, p. 134, 1. ed. especial, FEB.)
Não há dúvida para os espíritas sinceros de que o outro Consolador enviado é a Doutrina dos Espíritos, a Doutrina Consoladora que abre perspectivas novas para a compreensão da Vida do Espírito imortal, esse conjunto admirável de ensinos da Espiritualidade Superior, mostrando  uma realidade que estava oculta,
pela incapacidade de compreensão da generalidade das criaturas humanas. Após muitos milênios de conjecturas sobre a natureza de Deus, o Criador, sobre o homem e seu destino, sobre a vida em suas múltiplas manifestações, sobre o Universo visível; após o progresso alcançado nos campos intelectual e
moral; após a conquista da liberdade individual e coletiva, subjugada pelos interesses egoísticos
dos próprios homens, o Governador espiritual deste orbe julgou chegada a hora de uma Nova Revelação, de excepcional importância pelas verdades que encerra e pelas retificações que dela decorrem em relação a muitas concepções anteriores. Em meados do século XIX, o denominado “século das luzes”, foi
o momento escolhido para o envio do Consolador prometido, a Grande Revelação que desvenda o
Mundo Espiritual e relembra os ensinos do Cristo, esquecidos ou mal interpretados. Outras razões ocorreram para o  advento do Consolador na época própria acima referida. A primeira delas se prende à garantia de que a Nova Revelação não seria suprimida e aniquilada, como ocorrera antes com outras idéias e movimentos. Com a conquista das liberdades, com controle e limitação dos poderes absolutistas, já havia no
mundo ocidental mais respeito às idéias novas, desde a Revolução Francesa. Por outro lado, foi no século
XIX que ressurgiram antigas filosofias materialistas, sob nova roupagem, aproveitando-se da liberdade duramente conquistada para se firmarem no mundo. Essas filosofias, que se propagaram rapidamente, representam um retrocesso penoso no campo das idéias, por estarem divorciadas das realidades e da
verdade. O Consolador, o Espiritismo, foi o opositor natural ao materialismo multiforme que se propagou pelas massas humanas – positivismo, utilitarismo, comunismo – já que as religiões e filosofias espiritualistas se viram enfraquecidas para opor-lhes contestações válidas, pelos erros e enganos de suas próprias doutrinas.
As concepções materialistas ressurgidas no século XIX tiveram  conseqüências importantes em

todo o século seguinte, até os dias atuais. As revoluções comunistas atingiram muitos países, impondo em algumas nações organizações sociais baseadas em seus pressupostos divorciados da realidade que é o homem, uma alma ligada a um corpo. Se houve recuo em importantes nações européias – casos da
Rússia e seus satélites, Polônia, Alemanha Oriental e países da Europa Central –, de outro lado as idéias materialistas–comunistas impuseram-se na China, o mais populoso país do mundo. As idéias materialistas estão presentes no seio de todas as sociedades humanas. É o caso do pragmatismo, do neopositivismo, do utilitarismo, do culto do prazer a qualquer custo, formas de viver de um número incalculável de pessoas em todas as latitudes, independentemente de sua filiação a uma religião ou filosofia. Esse é um resumo do quadro
de habitantes da Terra no que se refere às cogitações religiosas e  filosóficas, às crenças e descren-
ças na existência de um Criador, de uma Causa Primária que explique a existência de tudo quanto existe.
Ao lado das intuições transcendentes sempre existiram as idéias niilistas, oriundas do materialismo, que atribuem a origem de tudo, inclusive a vida dos seres, a simples combinações de elementos materiais, sem
cogitar do elemento espiritual. Os habitantes deste planeta têm vivido, através dos milênios, dentro desse quadro diversificado, em vidas sucessivas nas quais vão resgatando erros e progredindo naquilo que um mundo atrasado lhes pode proporcionar. Mas, ao que tudo indica e dentro das previsões da Espiritualidade Superior, é chegada a hora de um avanço da população terrena, de acordo com a lei divina do Progresso, desde que se disponha a acompanhar a transformação deste orbe de “expiações e provas” em um “mundo
regenerado”. Essa transformação é lenta e trabalhosa e na realidade teve início desde que o Cristo  estabeleceu as regras e orientações morais que Ele resumiu no “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, como base e fundamento essencial na vivência humana. Nos ensinos para que os homens possam evoluir e regenerar o mundo, o Cristo aponta o Caminho para a Verdade e a Vida.
O Consolador complementou as lições do Mestre, desvendando, a vida futura do ser humano e a
Verdade no seu sentido relativo, alcançável pelos homens. Nesses ensinos, a Vida se apresenta com uma significação real muito mais ampla, infinita, plena de Justiça, de parte do Criador, ao mesmo tempo que estabelece para cada ser vivente a necessidade do trabalho e do  esforço no Bem. Como seres em evolução que somos, habitantes de um mundo que corresponde às nossas atuais condições, temos dificuldade em
alcançar a Verdade em seu sentido absoluto. Nossa capacidade para o conhecimento do superior
não ultrapassa determinados limites. Daí a importância da Doutrina Consoladora no mundo, com
suas luzes aclarando o caminho a percorrer por todos nós.